sábado, agosto 27, 2005

AS CORES DA TERRA


ISABEL MAGALHÃES, As Cores da Terra, 1998


SOBRE A TERRA

Sei que estou vivo e cresço sobre a terra.
Não porque tenha mais poder,
nem mais saber, nem mais haver.
Como lábio que suplica outro lábio,
como pequena e branca chama
de silêncio,
como sopro obscuro do primeiro crepúsculo,
sei que estou vivo, vivo
sobre o teu peito, sobre os teus flancos,
e cresço para ti.

EUGÉNIO DE ANDRADE

quinta-feira, agosto 11, 2005

BIOGRAFIA

Tive amigos que morriam, amigos que partiam
Outros quebravam o seu rosto contra o tempo.
Odiei o que era fácil
Procurei-me na luz, no mar, no vento.

Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, agosto 05, 2005

CARAMBA

É com grande tristeza que amanheço num dia de “neblina”!

Pergunto-me frequentemente: como somos capazes?!
Que dantesco cancro somos que avança sem piedade?!

Sinto-me triste e revoltado quando ontem no regresso a casa vejo um mentecapto qualquer atirar uma lata de refrigerante borda fora…
Será que não vê as notícias?!?! Ou terá de ser a sua casa a arder para dar choroso uma entrevista à TVI?!

Bem sei: existem coisas piores! Como por exemplo: homicídio; genocídio; e outros ídios!
Mas hoje revolto-me quando vejo e sinto um mundo a contrair-se de dores; quando ecoam na minha mente os gritos de uma terra em incontrolável agonia…!!!

Passamos uma vida de cabeça baixa a fixar o umbigo! Quando a levantamos vemos algo desaparecer diante dos nossos olhos e que dificilmente vamos recuperar!
Com um simples raciocínio, que deriva num forte arrepio na espinha, apercebemo-nos da espiral que é este problema e que sempre volta ao início…
Não nos podemos esquecer de vários temas: Poluição; Camada de Ozono; Espécies em Extinção; Doenças; Qualidade de vida; entre outros.

A par da “dor” da queimadura temos: altos níveis de poluição; mais e maiores buracos na camada de ozono; doenças causadas pelo desaparecimento da camada protectora da atmosfera; novos vírus que se “libertam” com o desaparecimento do seu habitat natural onde eram inócuos; espécies animais que se perdem devoradas pelas chamas, desde o mais pequeno insecto, a grandes mamíferos, inclusive abatidos pelas populações quando vêem os seus bens serem consumidos por animais que procuram alimentos porque ficaram sem habitat e consequentemente com o ciclo alimentar quebrado; que raio de vida passaremos a ter quando o cenário deixa de ter a paleta de tons da natureza para passar a cinzas, ou pior ainda betão; o ar que respiramos de puro já nem tem o nome; o sol que nos aquece até à “morte”; a água que nos banha com espuma de poluição e organismos prejudiciais… esqueçam! …os fogos vão sendo circunscritos!!...

Caramba! Que futuro daremos a gerações vindouras?! Que paisagens e locais sobreviventes a séculos de história visitaremos num dia de passeio?!
Tudo isto está a ser arrancado do nosso corpo!!

Permanecemos impávidos e seremos, impressionados com os acontecimentos, confortavelmente sentados no sofá, de comando na mão pronto a mudar de canal quando se acaba a coragem e queremos “fugir” à realidade…
Mas uma pergunta se mantém: que raio podemos fazer? É a pura e crua verdade! Vamos a correr para o meio do fogo?! Claro que não! Levantamo-nos e vamos salvar os fracos e oprimidos?! Impossível! Vestimos o uniforme de super-herói, guardado no baú desde os sonhos de criança, e vamos salvar o mundo?! Sonhos!!!
Infelizmente poucas iniciativas há, de quem as pode promover, com o objectivo de levar as pessoas a fazer algo. No entanto podemos sempre fazer tudo o que está ao nosso alcance por causas em que acreditamos. Por pouco que seja temos de estar atentos saber o que se pode fazer e agir.

É exactamente aqui que todos os problemas vão dar! Aquilo que deixamos de fazer porque achamos que não vale a pena e faz tanta diferença!

Seja o que for e para o que for, façam qualquer coisa!
Mas atenção que aldrabões não faltam por aí!!!

Façam algo, especialmente por vós! Esqueçam por um momento o conforto do lar e outras mordomias e vão em busca dos belos locais que ainda vão sobrevivendo, muitos perto de casa, enquanto é tempo. Fujam ao comodismo e sedentarismo que consomem a vida tornando-a vazia! Estejam atentos a iniciativas e arrisquem, vale sempre a pena!
Não é necessário ir para milhares de km de distância, gastar uma pipa de massa, para se passar momentos agradáveis.
Só damos valor ao que temos quando o perdemos!