segunda-feira, novembro 01, 2004

5.

À deriva
no mar da noite
este pequeno sentimento de culpa
de amor e culpa
que traz em si insónia
e saudade do tempo.

À deriva
este pequeno assunto
à espera de cair na rede da memória
à espera de surgir
à tona da maré.

À deriva
este sorriso
que não sei de quem é
que vem flutua assoma
com raizes de líquen
bafo de alga
de alguém que nunca vi

Ou talvez visse me olhasse e me sorrisse
e já esqueci.

Rosa lobato de Faria
in Poemas Escolhidos e Dispersos

2 comentários:

Rui Cabral disse...

Ora aqui está uma Senhora que considero que escreve com grande sensibilidade. (inclusivé coisas para a tv)

Este poema tem algo com que me identifico.

bjs

Isabel Magalhães disse...

Eu "identifico-me" com a maior parte da poesia que a Rosa escreve.

Não tenho qq duvida em afirmar que a imagem poética que a Rosa nos transmite está à altura do David.

Bjs.