quarta-feira, novembro 03, 2004

Plano

Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.

Nuno Júdice

6 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Humm!

bjs. :)

Rui Cabral disse...

Está genial!
Define uma relação de uma forma tão real e "simples"...
A necessidade e importância de "saborear" as coisas...

bjs :-)

Isabel Magalhães disse...

Tenho que fazer segunda leitura! :)

MMM disse...

as minhas leituras também passam por... Nuno Júdice :)
bjs e bfs

Rui Cabral disse...

Andam por aí prateleiras de bom gosto! :-)

bjs :-)

MMM disse...

e prateleiras de boa música tambem ;)